***22 anos de Magistério****

sábado, 5 de setembro de 2009

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO PARA TODAS AS SÉRIES


Como lidar com as dificuldades da leitura em sala de aula.

Para lidar com as dificuldades da escrita em sala de aula, devemos ter consciência de que essa dificuldade está ligada ao desenvolvimento das habilidades na escrita perceptíveis pelas alterações ou erros na sintaxe, estruturação, pontuação de frases ou na organização dos parágrafos enfim nas habilidades necessárias na composição de um texto.
Segundo Gregg (1992) estes transtornos podem ser gramaticais, fonológicos,e visoespaciais ocorrendo; substituições, omissões ou adições de (preposições, conjunções, verbos...) troca de fonemas, confusões de letras, ou inversões das mesmas.
Podemos recolher um vasto material para analise através de atividade como cópia, ditado, e escrita espontânea, visando não só a avaliação mais a intervenção para solucionar as alterações disgráficas, por exemplo, no ditado, a palavra falada se transformara em escrita, primeiro ocorrerá uma analise acústica dos sons relacionando os fonemas com as palavras, depois há o sistema semântico, ou seja, a extração do sentido, para então a forma ortográfica que está armazenada no léxico passa ao módulo grafêmico.
Na cópia utiliza-se inicialmente a analise visual ou identificação das letras ativando o léxico visual (representação ortográficas das palavras) que finalmente culminaram na fixação ou armazenamento grafêmico estando envolvido os processos motores, ou seja, os professores ao utilizarem o ditado pode auxiliar os alunos a ampliar sua consciência de que as letras podem corresponder a determinados sons dependendo da posição ou contexto a partir dessas diferenças adquirir essa consciência fonológica, já no caso da cópia os alunos têm contato com uma variedade de palavras, pontuações, acentuações e ao reescreverem certo eles aumentam seu vocabulário e a capacidade ou memória para guardar as formas ortográficas melhorando a aprendizagem da escrita.
Quando falamos de disgrafias adquiridas trata-se de módulos alterados por lesões cerebrais agora quando falam em dificuldades de aprendizagem da escrita ou disgrafias evolutivos categorizando as falhas de planejamento ou seja “agrafias dinâmicas centrais” se a falha for quanto a estrutura sintática trata-se do “agramatismo” e se as falhas ocorrem nos processos motores são “agrafias periféricas”.
Os professores podem utilizar em sala de aula, cópia de letras maiúsculas e minúsculas a escrita através do espelho, atividades de soletração, assim poderiam solucionar ou amenizar casos de alunos que confundem a forma das letras e invertem (p, d, q, b etc) aprendizagem de regras (fonemas x grafema) além de proporcionar estratégias adequadas de memorização, então estas disgrafias seriam superadas gradualmente.
As intervenções nos módulos da escrita devem levar em conta a lateralidade o esquema corporal, ritmo, psicomotricidade linguagem em geral, no módulo de planejamento parte de ajudas especificas, se o déficit é de informação deve-se proporcionar ou criar meios para que o individuo possam gerar idéias substanciais para serem escritas, utilizar detalhes para auxiliar caso a memória seja deficiente a elaboração de pistas ou perguntas que direcionem o pensamento e a seleção pois se as idéias estão confusas, com certeza haverá dificuldade em transformar em algo real e concreto como é o caso da escrita com coerência.
A melhor forma de adquirir ou melhorar as habilidades escritas é através do treinamento (da escrita) utilizando diferentes processos cognitivos, através do trabalho empírico conhecimento prévios completado com algumas formas ofertadas de forma progressiva e contínua.
A intervenção no módulo sintático pode ser realizada com o uso de diagramas que mostram frases simples e depois frases complexas trabalhando com cartolinas para ensinar sujeito-verbo e complementos (sendo o sujeito representado em cartolinas redondas, os verbos em quadradas, complemento em retangular e qualitativos em cartolinas triangular ou em cores diferentes) para cada classe gramatical. Utilizando formas espaciais que serão traduzidos na escrita facilitando a aprendizagem tanto das estruturas gramaticais quanto da escrita.
A intervenção no módulo léxico pode ser utilizada com o uso do dicionário sempre que os alunos tiverem dúvida ou escreverem uma palavra errada, eles próprios podem aprender e fazer a autocorreção com a ajuda de um dicionário.
Behrmann segue um método progressivo utilizando oito pares de homófonos escritos em cartão ao lado o desenho e seu significado visando uma automatização.
Outro método com uso de fichas com a palavra escrita e do outro lado com uma lacuna um espaço para a dificuldade ortográfica (onde há mais probabilidade de dúvida ou erros). Intervenções no módulo motor desenvolvido exercícios de mudanças de tipos de letras até sua automatização treinando os padrões com exercícios de caligrafia.
Planejamento para ensinar escrita e necessário desenvolver as idéias para que os alunos escrevam de forma organizada então os professores podem sugerir perguntas ou auto-perguntas, depois adequar as informações ou seja direcioná-las para um objetivo, mensagem, destinatário, o que já foi relatado o que ainda falta ser dito, do mesmo modo os processos sintáticos devem ser ensinados com frases simples evoluindo até as mais complexas desenvolvendo a linguagem estudando sintaxe, utilizando palavras para formar frases, depois pontuá-los ou não ensinando a língua e intervindo nas dificuldades em escrita.
No processo léxico trabalhar na analise e decomposição de frases escolhendo palavras segmentando em silabas, e fonemas intervindo na memória passando de memorização à memória de longo prazo, porém nunca devemos esquecer de algo significativo e de suma importância que não basta apenas aprender as regras ortográficas ou adquirir ou seguir uma rota fonológica mas sempre utilizar como complemento dessas atividades “os significados das palavras” pois a escrita depende dessa relação entre aquela palavra e tal sentido e não devemos ensinar de forma mecânica ou descontextualizada, por exemplo b e d são vagos se isolados mas quando proposto em palavras (dedo ou bebo) já permitiram um maior entendimento facilitando a aprendizagem.
A expressão escrita é uma habilidade complexa, sendo necessário que os pais e/ ou professores sejam mediadores nos processos de aprendizagem e ainda prevenindo ou corrigindo se preciso. Pois o domínio da escrita é gradual e progressivo conforme passam os anos escolares o estudante vais e tornando mais experiente e capaz de realizar co o tempo a auto-correção.
O ensino deve proporcionar uma reflexão e conscientização onde o aluno formule e descubra as regras e formas da língua para se aprimorarem tornando-se hábeis para escrever corretamente.
Utilizar estratégias de planejamento com perguntas tipo: Porque você quer escrever esse texto? Você pensa em fazê-lo de forma para que outros entendam? Como escolhe as palavras relacionadas com o tema? Faz-se rascunho? Como faz para utilizar a palavra que resuma a idéia? Estratégias para revisão pedir a um colega revisar? Perceber se utilizar corretamente letras maiúsculas? Se gosta do que escreveu? Qual parte mudaria?
Pode ser realizada atividades solicitando mudança dos papeis dos personagens, escrever um final diferente. Enfim o professor possui um leque de estratégias para estimular e direcionar a produção textual, e pode criar outras dependendo de cada e necessidades dos alunos.
O professor deve criar uma situação prazerosa, não porque o mostre, mas que eles possam escrever livremente, por exemplo, textos como diário e cartas. O aluno deve perceber a importância de planejar, revisar, escrever, podendo realizar atividades de reescrita pegando um texto simples e transformando através da troca por frases mais elaboradas estimulando a maturidade sintática.
A importância da elaboração de um rascunho transcrição, revisão correção. O professor tem função de interagir com o aprendiz numa troca de experiência, não apenas ensinar a gramática mas também as regras do discurso.
Evitar correções por meio de castigo que poderá reprimir ou desestimular o aluno, e não apenas apontar o erro, mas dar informações relevantes para que eles percebam as diferenças e não cometam os mesmos erros. A leitura pode ser uma ótima aliada pois ela traz a compreensão então trazendo textos, livros pode ser sugerido que alunos criem seus próprios textos ou finais baseados no assunto.
Primeiro deve-se propor uma técnica de “Escrita livre” para que o aluno adquira certa fluidez e convicção de que é capaz de escrever sobre o que sabe, depois nas revisões e correções (com ajuda dos colegas e do professor).
Atentar para aspectos mais formais como pontuação, paragrafação desenvolvendo nos alunos a consciência metacognitivo e a autoregulação das estratégias na escrita.
A produção textual pode ser trabalhada com atividades como criar um diário de bordo para escrever registrando as aulas, conteúdos e acontecimento. Observar e trabalhar com palavras para uma melhor assimilação e memorização das formas escritas. Ex: S, SS,C,X, seguro, assíduo, cidade, auxilio.
Trabalhar com palavras heterográficas e homográficas mostrando não só a escrita como a significação no contexto.
Concerto de violino
Abriu a janela
Cinto de couro
Queixo barbudo
Passa roupa
Chama acesa Concerto de carro
Mês de abril
Sinto dor
Não me queixo
Uva passa
Chama o garoto
Conscientizar os alunos mostrando que os erros ocorrem pela tentativa de escrever assim como na oralidade e também devido a tantas regras e exceções.
Múltiplas possibilidades de escrita, generalização das regras que ocasionam omissão, adição, troca de letras.
O ensino das normas gramaticais pensando em como as habilidades lingüísticas estão conectadas com a gramática, essa junção contribui na escrita, fala, leitura, por isso na analise devemos utilizar textos ou frases para as atividades de classificação, pois com o contexto fica mais fácil, e o estudo passa a ser não apenas de regras soltas, mas propiciará uma reflexão gramatical.
A escrita é uma conquista para todos, pois é a expressão verbal da criatividade passar os sentimentos, pensamentos e sensações para palavras, ou seja, a capacidade de auto-expressão.
A escrita deve ser motivada com publicações em jornal de escola, Internet, murais ou outros meios para que os alunos tenham sempre bons motivos para desenvolver suas produções não como uma atividade pavorosa que só trará punições, mas algo divertido e que sua aprendizagem (escrita) servirá para toda a vida em diversos momentos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SANCHEZ, Jesus Nicaso García. (1998).Manual de dificuldades de aprendizagem: Linguagem, leitura, escrita e matemática. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues – Porto Alegre: Artes Médicas.

Kétilla Maria Vasconcelos Prado, Lady Dayana de Lima e Silva, Maria do Nazaré de Carvalho e Teresinha Rodrigues Alcântara fazem parte do Grupo de Estudos Lingüísticos e Sociais(GELSO), coordenado pelo professor Vicente Martins, da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará. E-mail: vicente.martins@uol.com.br


Prof. João Beauclair Palestrante,Conferencista

Psicopedagogo,Escritor, Doutorando em Intervenção Psicossocioeducativa, Mestre em Educação

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