***22 anos de Magistério****

domingo, 31 de julho de 2011

Esse Blog vale Ouro!!!!!


Estou muito feliz com o carinho da Lisa do blog:http://pilardaeducacao.blogspot.com

Valeu, Lisa!


Obrigada!!!!



Regrinhas:
1 - Exibir a imagem do selinho em seu blog;
2 - Postar o link do blog que o indicou
3 - Publicar as regras;
4 - Indicar 10 blogs para receberem;
5 - Avisar aos indicados.
eu ofereço este selinho aos seguintes blogs:

sábado, 23 de julho de 2011

FolcloreII

FOLCLORE

sexta-feira, 22 de julho de 2011

SP quer magistério entre 10 carreiras mais desejadas

Por Rafael Vaz l Publicado em Educação e Comportamento l 22 de Julho de 2011





A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo prepara um plano de desenvolvimento da educação básica, chamado “Um salto de qualidade”, que terá como meta tornar o magistério uma das dez carreiras mais atraentes para os jovens até 2030. O plano é resultado dos 15 encontros que o secretário de Educação, Herman Voorwald, teve com cerca de 20 mil profissionais da rede desde o começo do ano, e está sendo desenvolvido com o auxílio da consultoria norte-americana McKinsey.

Herman afirmou nesta terça-feira que a valorização do professor é a prioridade de sua gestão. “Se não houver um trabalho rápido de recuperação da carreira, não teremos melhora na qualidade de educação”, disse em um evento da Universidade Estadual Paulista (Unesp) sobre produção acadêmica, realizado na Secretaria de Estado da Educação.

O plano também tem como meta elevar o desempenho da rede estadual no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) – prova trienal aplicada a estudantes de 65 países. A Secretaria quer estar entre os 25 melhores sistemas de ensino até 2030, posição hoje de países como França e Estados Unidos. No último exame, os alunos do Estado de São Paulo tiraram nota 392 em leitura, abaixo da média do País (412), que ficou em 53º lugar.

Transformar a carreira de professor em uma das mais atraentes também será um grande desafio. No último vestibular da Fuvest, o maior do Brasil e que seleciona estudantes para a Universidade de São Paulo (USP), o curso de licenciatura mais concorrido foi História, que ficou em 67º, com 6,14 candidatos por vaga.

Neste mês, o governo aumentou o piso dos professores na rede estadual paulista de R$ 1.665 para R$ 1.894 para 40 horas semanais a partir de julho. Como o aumento conta a incorporação no salário base de R$ 96, que já é recebida por todos os docentes com o nome de Gratificação Geral, o acréscimo foi, na prática, de R$ 133.

“As três universidades estaduais de São Paulo (USP, Unicamp e Unesp) são exemplos de sucesso e todas focaram em recursos humanos. Esta é a prioridade desta gestão”, destacou o secretário.

O plano de desenvolvimento da educação básica deve ser anunciado nos próximos meses pelo governador Geraldo Alckmin. Segundo Herman, os serviços da consultoria McKinsey são bancados por “um grupo de empresários ligados à educação.

terça-feira, 19 de julho de 2011

EUA passam a abolir ensino de letra de mão nas escolas

O ensino da letra cursiva (de mão) será opcional no estado norte-americano de Indiana e deverá ser banido definitivamente nos próximos anos. A decisão deve ser seguida por mais de 40 estados do país que também consideram esta forma de escrever como ultrapassada. Na avaliação deles, é mais importante se concentrar no aprendizado das letras bastão (de forma).
O argumento dos defensores desta lei, que provocou polêmica nos Estados Unidos nas últimas semanas, é de que hoje as crianças praticamente não necessitam mais escrever as letras com caneta ou lápis no papel. Seria mais importante elas aprenderem a digitar mais rapidamente, já que quase toda a comunicação acontece por meio de letras de forma nos celulares e computadores.

"As escolas devem decidir se pretendem ensinar letra cursiva, mas recomendamos que deixem de ensinar e se foquem em áreas mais importantes. Também seria desnecessário encomendar apostilas que ensinem letras cursiva", diz um memorando do Departamento de Educação de Indiana.

A Carolina do Norte também já anunciou que adotará uma medida similar, segundo suas autoridades educacionais. A Geórgia é outro estado americano que recomenda o fim do ensino, segundo seu porta-voz Matt Cardoza, apesar de "aceitar que os alunos aprendam a letra de mão caso os professores considerem necessário".

Esses estados, assim como outros 40, integram o Common Core Stated Standards Initiativa (Iniciativa para um Padrão Comum de Currículo), responsável por tentar padronizar o ensino básico nos Estados Unidos. O grupo defende abertamente o fim do ensino da letra cursiva.

Brasil - No Brasil, principalmente na última década, há uma nova metodologia no ensino da letra cursiva, mas não seu abandono nas escolas. "Não conheço escola que não a utilize mais", afirma Fernanda Gimenes, diretoria pedagógica da área de português do colégio bilíngue Playpen. "Ela perdeu a prioridade. Antes, o aluno era alfabetizado na cursiva. Hoje, mais do que ensinar uma técnica, queremos desenvolver as habilidades de leitura e escrita."

Separar o aprendizado da cursiva como requisito para que uma criança seja considerada alfabetizada é uma conquista recente, praticamente da última década. "Vemos como uma evolução, não uma condição", diz Esther Carvalho, diretora-geral do Colégio Rio Branco. Mesmo que o aluno opte pela letra bastão no futuro, o aprendizado da cursiva, segundo Esther, é fundamental para desenvolver a coordenação motora fina.


Fonte: veja.abril.com

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Câmara analisa projeto de lei que pune violência contra o professor

A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada
Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que
desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de
comportamento de instituições de ensino.

Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito a
suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à
autoridade judiciária competente.

A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90)
para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como
responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de
estudante.

Indisciplina
De acordo com a autora, a indisciplina em sala de aula tornou-se algo
rotineiro nas escolas brasileiras e o número de casos de violência
contra professores aumenta assustadoramente. Ela diz que, além dos
episódios de violência física contra os educadores, há casos de
agressões verbais, que, em muitos casos, acabam sem punição.

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas
comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; e de
Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte:http://primasfalando.blogspot.com/2011/04/camara-analisa-projeto-de-lei-que-pune.html

PASSEM PARA TODOS OS PROFESSORES....VAMOS APOIAR!!!!!!!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ruth Rocha


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domingo, 3 de julho de 2011

Assembleia no SINDSErV

Professores, segunda feira(04/07) haverá assembleia no sindserv para tratarmos de assuntos importantes para a categoria. Não deixem de comparecer. Precisamos ter boa representatividade para não ficarmos de fora das negociações e votações. Avisem todas(os), pois precisamos estar lá. O horário é 18h. Até lá. Não vamos deixar que outras pessoas decidam por nós, vamos fazer valer nossa voz ou então lamentar por mais alguns anos.

Secretaria da Igualdade Racial alertou Município sobre o conteúdo dos livros polêmicos

 

Secretaria da Igualdade Racial alertou Município sobre o conteúdo dos livros polêmicos

Segundo nota enviada ao JL, alerta foi feito à secretária de Educação Karen Sabec
03/07/2011 | 00:30 Fábio Silveira
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) alertou a Secretaria de Educação de Londrina que o conteúdo dos livros da coleção “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena” “contrapunha-se ao disposto nos marcos legais da Educação para as relações étnico-raciais”. O alerta, segundo a nota, foi feito à secretária de Educação, Karen Sabec, pela secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Seppir, Anhamona de Brito, que acompanhou a ministra Luiza Bairros, em 28 de abril, quando da entrega dos livros. A nota foi enviada ao JL por e-mail, em resposta a questionamentos feitos pela reportagem, por conta da participação da ministra na cerimônia de entrega dos 13.500 exemplares.
O promotor de Defesa dos Direitos Constitucionais, Paulo Tavares, deve se manifestar amanhã sobre o pedido feito pelo Fórum das Entidades Negras de Londrina (Fenel) para que o material seja recolhido das escolas. A entidade alega que o material, em vez de combater, reforça preconceitos raciais.
Erros de gramática e ortografia
A reportagem do JL teve acesso e leu os cinco livros da coleção “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena”, distribuídos em abril pela Secretaria Municipal de Educação. O material, que é apontado pelo Fórum das Entidades Negras de Londrina (Fenel) como reforçador de preconceitos contra os afrodescendentes, tem vários outros problemas. Os erros de gramática e ortografia prejudicam um material que já é ruim e mal editado. Na página 11 do livro do 2º ano, a colocação indevida de uma crase mudou o sentido da frase “os índios foram às primeiras pessoas a habitar o Brasil”. Com a crase, a frase diz que os índios foram “até” as primeiras pessoas, em vez de serem os primeiros habitantes do país. Em outras partes, frases infelizes confundem a boa intenção dos autores. A legenda de uma foto da página 19 do mesmo livro é um exemplo: “criança africana é como toda criança do mundo”, diz o texto. Na página 38 do 3º livro, o censo demográfico é grafado com “s”: “senso”. Na página 92 do 4º livro, um erro conceitual. Num item dedicado a “personalidades que lutaram e lutam pelas causas dos afrodescendentes e indígenas”, o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, é apontado como uma dessas personalidades. Mandela nasceu na África do Sul, o que o coloca fora do conceito de afrodescendente, no qual se encaixam pessoas que descendem de africanos, mas nasceram fora do continente. Na página 78 do 5º livro, uma frase que irritou o movimento negro de Londrina: o material descreve o movimento como “racista”. Logo em seguida, num “histórico”, diz que a luta contra a escravidão, com “fugas e insurreições”, “além de causarem prejuízos econômicos, ameaçavam a ordem vigente e tornavam-se objeto de violenta repressão”. Na página 48 do mesmo volume, os autores afirmam que os movimentos sociais “existem para organizar populações pobres e reivindicar algum direito ou recurso”. Outro problema da coleção é que as referências bibliográficas são, na sua grande maioria, a internet, em sites como a Wikipédia (uma enciclopédia com a qual qualquer pessoa contribui, o que aumenta o risco de informações incorretas) e blogs, que são sites que têm caráter pessoal, sem compromisso pedagógico.
De acordo com a Seppir, a agenda da ministra na cidade girou em torno de “atividades para referenciar o Ano Internacional dos Afrodescendentes” e “lançar no município a campanha Igualdade Racial é pra Valer, cujo objetivo é ampliar o número de ações e de atores pela igualdade racial no país”. A entrega dos livros não estava na agenda, entrou de última hora e a Seppir só entrou em contato com o seu conteúdo “somente no ato da entrega”. Foi aí que, “em rápida aferição do seu conteúdo”, Anhamona de Brito alertou Karen Sabec sobre os problemas no conteúdo do material.
Uma das consequências do mal estar provocado pelos livros foi que “o pronunciamento público previsto na agenda foi alterado para uma mesa de debates sobre ‘Racismo e Desigualdades Raciais na Educação’”, da qual participaram a própria Anhamona de Brito, e a professora doutora Rosane Borges, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos (NEAA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A nota diz que neste evento, “o posicionamento público da Seppir foi pela necessidade de revisão emergencial do conteúdo do material didático-pedagógico em vias de distribuição, com recomendação aos gestores municipais para que integrassem o NEAA neste trabalho”.
Em entrevista coletiva concedida na quinta-feira, o prefeito Barbosa Neto (PDT), disse que não foi a Prefeitura de Londrina que editou o livro e que o material foi aprovado pela Câmara Brasileira do Livro. Segundo ele, a aquisição desse tipo de material “é uma demanda antiga da cidade”. “É uma questão pedagógica, se fica na Biblioteca, se ajuda a preparação da aula para passar pro aluno depois, é questão pedagógica que não passa pela administração.” O prefeito tentou se eximir do problema, dizendo não ter “condições de ler todos os livros que são comprados”. “Se houve dispensa de licitação [na compra dos livros], passou por um processo claro e transparente dentro da administração. É bom que o Ministério Público possa investigar tudo, porque foi um processo claro e transparente e não devemos nada nisso”, completou.
Risos e constrangimento
Antes mesmo da manifestação do Fórum das Entidades Negras de Londrina (Fenel), o livro “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena” provocou constrangimento em escolas da rede municipal. A professora Maria Evilma Alves Moreira, contou que os erros ortográficos e gramaticais do material provocaram risos nos seus alunos da 4ª série. “No momento em que eu comecei a circular vários erros de pontuação, meus alunos estavam indo para a aula de educação física. Eles riram e disseram: ‘[os livros] estão pior que nós”, relatou a professora, explicando que tem o hábito de circular os erros nos textos dos seus alunos.
Maria Evilma afirmou que em algumas escolas o material foi distribuído para os alunos, mas em várias outras, supervisores afirmaram que evitaram a distribuição “porque acharam, no mínimo estranho [o conteúdo]”. “Todo livro didático deve ser uma ferramenta de apoio. Aquele não há professor que conserte”, completou a professora, defendendo o seu recolhimento.

Seppir vai avaliar livros
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) abriu um procedimento administrativo para avaliar a situação dos livros da coleção “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena”, por conta de uma denúncia encaminhada ao ouvidor Nacional da Igualdade Racial, Carlos Alberto Júnior. O procedimento é o 00041.000712/2011-11 e segundo a assessoria da Seppir foi “motivada por denúncia de Sandra Rocha, que reclamou a existência de erros conceituais, textos racistas e discriminatórios”

sexta-feira, 1 de julho de 2011

FÓRUM DAS ENTIDADES NEGRAS DE LONDRINA – FENEL

Peço a contribuição de tod@s para que consigamos fortalecer a reivindicação de que esse material terrível, em todos os sentidos, seja retirado o mais rápido possível do alcance de nossas crianças.

Às/aos representantes de entidades, professores/as, intelectuais e ativistas sociais peço que que emitam parecer sobre esse material e verifiquem se no  seu município  ele é utilizado. A professores/as, em especial, peço que conversem em a direção da escola e recolham esses livros enquanto aguardamos a ordem do Ministério Público.

Após 15 anos trabalhando na Rede Pública de Educação posso garantir que nunca vi livros tão ruins. São terríveis em todos os aspectos possíveis: nos textos mal construídos ou copiados da internet; nas imagens desfocadas e/ou descontextualizadas; no uso ortográfico da Língua Portuguesa, bem como na pontuação, concordância verbal, nominal, no uso de repetições, etc, etc. Mas, sobretudo, é terrível na medida em que destrói a história negra. Tem por base o conhecimento sedentário do senso comum racista à brasileira e seu parente mais próximo: o não conhecimento, a ignorância.

Estive muitas vezes a ponto de passar mal ao tentar analisar esse material - digo tentar porque precisaria de umas cem páginas apenas para descrever tantos absurdos da coleção composta por 5 livros. Decidimos no FENEL - Fórum das Entidades Negras de Londrina, apresentar no parecer apenas alguns exemplos dos problemas mais graves. Após protocolar no Ministério Público o pedido de reconlhimento, estamos confiantes que seja feito o mais rápido possível, mas ainda tristes: o suor do trabalho negro é usado para constituir impostos investidos na deseducação e no desrespeito a nossa história.

Leiam o parecer, divulguem, emitam seu parecer. Nos ajudem nessa luta contra a ignorância e o racismo.

Um abraço,

Maria Evilma Alves Moreira, professora.

Segue o parecer:

FÓRUM DAS ENTIDADES NEGRAS DE LONDRINA – FENEL
PARECER DO FENEL – FÓRUM DAS ENTIDADES NEGRAS DE LONDRINA, SOBRE A COLEÇÃO VIVENCIANDO A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA. Gleisy Vieira Campos (et al). São Paulo, SP: Ed. Ética do Brasil, 2010.

            A Lei 10639/03,  que institui a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira em toda a educação básica nacional,  a inserção dos conteúdos referentes a história e cultura afro-brasileira no âmbito de todo o currículo, no seu Artigo primeiro determina “O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.” Com base nessa perspectiva, posta pela referida Lei, o FENEL – Fórum das Entidades Negras de Londrina, atendendo a solicitação de educadores/as incomodados/as com os problemas explicitados nesse material, analisou os cinco livros que compõem a Coleção Vivenciando a Cultura Afro-Brasileira e Indígena, adquirida pela Prefeitura Municipal de Londrina para toda a rede municipal de educação.
            É possível perceber logo nas primeiras páginas, de cada um dos volumes, problemas latentes, tanto de ordem estrutural (coesão e coerência textual, uso da pontuação, ortografia, concordância verbal e nominal, sequência, didaticidade ou relevância pedagógica dos exercícios propostos, etc.), quanto de ordem conceitual (ausência de glossário de termos complexos ao entendimento infantil, equívocos graves sobre os conteúdos propostos) e referencial (citação dos autores utilizados, referência e legenda das imagens utilizadas, coerência científica no uso das fontes de pesquisa, etc.). São tantos os equívocos e as deficiências dessa Coleção que nos deteremos a listar aqui apenas alguns exemplos dos mais graves, a fim de tornar esse parecer mais objetivo:
- É possível identificar a teoria do embranquecimento, da miscigenação e do racismo cordial, alternada com textos que as contradizem sem conceituação ou qualquer recurso que permita aos leitores discernir tais posicionamentos teóricos, atravessados por estereótipos. De modo geral,  a Coleção apresenta a ideologia da democracia racial, do racismo cordial, que possibilitou a mistura, a miscigenação, instaurada na nossa sociedade, mas amplamente questionada por pesquisas do sociólogo Florestan Fernandes e outros estudiosos da temática. É possível identificar uma visão etnocêntrica referente a diversidade étnico-racial, em que a cultura européia  “branca” aparece como superior e evoluída enfatizando sempre as expressões  “cultura deles” e a “nossa cultura”. Tais estruturas podem construir a impressão de que o material deve ser utilizado por crianças brancas (“nós”), que devem se aproximar do exótico (“eles”, o “outro”).
Aspectos  de opressão relativos a negros e indígenas são amenizados, desde o processo de colonização.  São excluídos sistematicamente os conhecimentos produzidos no continente africano antes da colonização, tecnologias, impérios, ciência, etc. É desconsiderada a existência dos povos africanos no período anterior a colonização européia, construindo a impressão de que a história africana se inicia a partir da presença dos colonizadores europeus.
- “... a mistura é como uma salada...” (1o ano, p. 12)
- “ No Brasil, o homem índio casou-se com uma mulher negra, a mulher branca casou-se com um homem negro e, assim, a mistura começou”. (1o ano, p. 18)
- “... ‘Misturô
Com os índios da terra,
Com o negro aprisionado,
Com o branco invasor.” (1o ano, p. 19)

- A história da África é omitida, da mesma forma que os conhecimentos e tecnologias de origem africana. Essa postura teórica constrói o efeito de que não existem história ou saberes africanos antes da chegada dos europeus, ou que tais saberes se restringem a algumas manifestações culturais, às características fenotípicas e à culinária. De acordo com o que é apresentado, a história dos negros se inicia na escravidão.
Em nem um dos volumes há apresentação da África como continente, de modo que sejam citados países africanos, com especificidades culturais, geográficas ou humanas, mas sim situações generalizantes em que pessoas ou objetos simplesmente são definidos como africanos. Chega-se ao cúmulo de, no livro do 5o ano, p. 12, o continente africano ser definido como um país:
“A música abaixo traz uma riqueza de conhecimentos sobre a África, país de nossos ancestrais.” (5o ano, p. 12)
As contribuições africanas são descritas como se fossem restritas a alguma participação na cultura (religião, danças, música, culinária) e na definição de traços fenotípicos (cor da pele e cabelo).
Não são apresentados jogos ou brincadeiras de matriz africana, ao contrário, apresentam em vários momentos brinquedos de sucata, reforçando a ideia de inferioridade étnico -racial, como se negros e indígenas não tivessem a possibilidade de criar brinquedos e por isso,  copiassem os brinquedos de “ nossa cultura”, ou da cultura branca mais evoluída, utilizando objetos velhos, descartados. (p. livro 2)
- A referência bibliográfica dessa coleção é composta basicamente de pesquisas realizadas na internet. Muitos textos foram copiados integralmente.  Apesar dos séculos de conhecimento científico acumulado em livros, artigos, entre outras fontes, e da premissa que o objeto de trabalho da escola é o conhecimento científico relacionado ao conhecimento empírico e as demais formas de construir o saber, ao verificarmos a bibliografia, em todos os volumes, percebemos que as fontes consultadas foram na absoluta maioria sites de pesquisa rápida, inclusive páginas de relacionamento pessoal (do tipo blog, ou diário virtual) da rede mundial de computadores:
PRIMEIRO ANO (80% da pesquisa em fontes da internet, cerca de 40% em páginas de relacionamento):
- 02 (dois) possíveis livros sobre os quais não há referência de ano, data, editora, nem local de publicação.
- 16 (dezesseis) referências de páginas da internet. Dessas, 08 (oito) são blogs, que podem ser definidos como diários virtuais em que pessoas postam matérias e opiniões de seu interesse, informalmente, sem nem uma exigência científica.
SEGUNDO ANO (mais de 85% da pesquisa em fontes virtuais):
- 03 (três) livros.
- 18 (dezoito) referências de páginas da internet. Dessas, 02 (duas) são blogs.
TERCEIRO ANO (70% da pesquisa em fontes virtuais, 11% em sites de relacionamento pessoal):
- 06 (seis) livros.
- 14 (quatorze) referências de páginas da internet.
QUARTO ANO (Mais de 50% da pesquisa em fontes virtuais):
- 08 (oito) livros.
- 11 (onze) referências de páginas da internet.
QUINTO ANO ( Mais de 50% da pesquisa em fontes virtuais):
- 08 (oito) livros.
- 11 (onze) referências de páginas da internet.

- Praticamente todas as imagens com baixa resolução, desfocadas, muitas sem legenda, sem referências de autor, data, ou contexto e, devido a falta de qualidade de impressão, algumas são indecifráveis. Além disso, muitas imagens reforçam estereótipos, preconceitos e situações de humilhação e sofrimento de negros/as subjulgados/as a pessoas brancas. Outra incoerência que ocorre sistematicamente é o fato de que, em diversas situações, é impossível relacionar a imagem ao texto que a antecede ou sucede e, não raras vezes, a imagem contraria o texto.
A página 103 do livro do 3o ano, apresenta um fato didático absolutamente lamentável: a imagem de um menino branco urinando em um menino negro. Esta imagem, por si só, invalida toda a Coleção pela sua brutalidade. Mostra, numa ilustração que ocupa quase toda a página, um menino branco urinando, de pé numa cama, sobre um menino negro inerte, “protegido” por um Cristo na cruz! Esta imagem tem como legenda “explicativa”: “A PRESENÇA E A PARTICIPAÇÃO DO NEGROS EM OBRAS LITERÁRIAS ESTEVE SEMPRE ASSOCIADA A IMAGENS DE ESCRAVIDÃO, TRISTEZA, DOR, SOFRIMENTO E HUMILHAÇÃO. OBSERVE A IMAGEM ABAIXO:” É isto, sem maiores comentários (além dos erros de concordância...) ou críticas, a afirmativa “normalizando” a afirmação como se esta situação fosse “comum”; e, mesmo quando se refere, em baixo, à mudança da literatura brasileira que “RECUPERA A DIVERSIDADE DE VOZES PRONUNCIADAS NA MATRIZ CULTURAL BRASILEIRA”, os exemplos dos escritores negros estão nas páginas seguintes (Solano Trindade e Alzira Rufino), sem maiores explicações de quem são, de onde são: aparecem apenas em fotos PB e com uma poesia para cada um. Mas esta chamada para autores negros que podem mudar a situação de extrema violência representada pela imagem da pg. 105 fica anulada pela repetição da mesma imagem, logo na pg. 107, colocada ao lado da ilustração de capa do livro Pai João Menino, que mostra o negro infantilizado, ao lado de um jumento, seu “companheiro”, retomando o estereótipo do “negro bom”, “humilde” e “engraçado” – estas duas imagens, são a chamada de um exercício de fixação, que tem o seguinte cabeçalho: “O QUE VOCÊ ACHA DAS IMAGENS APRESENTADAS EM LIVROS DE LITERATURA? COMO OS NEGROS APARECEM NESTAS IMAGENS? POR QUE VOCÊ ACHA QUE ELES APARECEM DESSA FORMA?” Novamente, sem qualquer indicação crítica ou de desaprovação.

                      


Sabendo que a criança do 3º. ano terá em torno de     09 anos e, de acordo com Piaget, está na fase das operações concretas, a partir das quais reorganiza o pensamento para ver o mundo com mais realismo, construindo as classificações que irão embasar os conceitos básicos e a compreensão do mundo, interiorizando as regras sociais e morais, adquirindo valores e estabelecendo os espaços de pertencimento – e sabendo que a imagem, principalmente para a criança atual, é fundamental na construção do processo cognitivo – podemos concluir, com certeza, que esta imagem, reforçada pela repetição e fixada no “exercício” terá uma influência profundamente perversa, tanto para a criança branca que se verá “empoderada” através da humilhação mais cruel, quanto para a criança negra que, através desta mesma violência, se verá reduzida ao lugar “de sempre” da aniquilação.

Esta imagem, absolutamente hedionda, é mais do que suficiente para colocar toda a Coleção Vivenciando a Cultura Afro-Brasileira e Indígena como uma ferramenta de deseducação, de incentivo ao Racismo e ao bullying, que a Escola Fundamental não merece e que a sociedade brasileira precisa rejeitar completamente. Mas o Livro do 3º. ano apresenta ainda outras imagens e colocações bastante problemáticas.

Não há nessa Coleção nem uma imagem em que crianças negras apareçam estudando ou com livros. Também não há imagens que indiquem pessoas negras em profissões prestigiadas socialmente, ligadas ao conhecimento científico e à tecnologia.

Em todos os volumes, é possível verificar nas imagens a perspectiva do branqueamento (gradual) e da miscigenação (que tem como resultado o branqueamento) como solução para a cor negra,  o que é reforçado com textos como no poema “A Borboleta” (3o ano, p. 13) que narra a história de uma borboleta que morreu de mágoa ao perceber que era preta e parda e, portanto, feia; a história é resolvida quando Deus dá outra cor à borboleta.
É possível notar também nas imagens animalização de negros e de indígenas:
- Ilustração esdrúxula de indígena. (1o ano, p. 36)
- Ilustração esdrúxula de mulher africana. (1o ano, p. 64)
- Ilustração de africanos como macacos. (4o ano, p. 12)
- Ilustração de indígena em que se pode ler: “Salve a natureza! E a nós também!” (5o ano, p. 64).
No livro do 4o ano, a ilustração de menino negro acorrentado, de cabeça baixa e chorando. Denota passividade, sofrimento e humilhação, contrariando o título que precede a imagem: “Memória afro-brasileira e indígena – sinônimo de resistência e luta”. (p. 35).
- Ausência de glossário com palavras chave, necessárias para mínima conceituação de alguns termos específicos da discussão enticorracial. Palavras como negros, afrodescendentes, afro-brasileiros e afro-indígenas são utilizadas de forma alternada, sem conceituação ou critério que permita a criança leitora condições de vislumbrar tais escolhas lexicais e as implicações que cada uma tem. Termos complexos à compreensão infantil como “dispersão étnica”, “homologação”, “donatário”, etc., simplesmente aparecem no texto sem contextualização.
- Erros grosseiros, possivelmente resultado da falta de revisão ortográfica, ou de edição. São sistemáticos erros na utilização da vírgula, contrariando normas básicas da escrita ao separar com vírgula sujeito e predicado ou utilizá-la após E, quando essa é aditiva. Vários erros de concordância verbal e/ou nominal comprometem a compreensão e o aprendizado de regras básicas da escrita e de  regularidades ortográficas, além dos absurdos conceituais que são incontáveis:
“... aprizionados...” (1o ano, p. 53)
“... cresimento...” (1o ano, p. 54)
“Os índios foram às primeiras pessoas a habitar o Brasil, mas isso já tem muito tempo... Eles viviam de forma bem diferente de como vivemos, assim como os africanos trazidos da África, esses dois povos tinham uma maneira própria de viver e, é isso que vamos aprender aqui.” (2o ano, p. 11)
“... Mas hoje poucos grupos ainda vivem dessa forma, porque devido à aproximação e das mudanças trazidas de outras culturas, eles começaram a experimentar as mudanças e a conviver com as diferenças”. (2o ano, p. 13)
Assim, durante muito tempo, os índios viveram.” (2o ano, p. 13 – parágrafo de início de um capítulo: não há descrição de como seria esse “assim” que os indígenas viveram).
“... Eles chegavam em navios chamados de ‘navio negreiro’, vindos da África.” (2o ano, p.20)
As crianças indígenas aproveitam o que a natureza oferece e, transforma tudo em diversão.” (2o ano, p. 32)
As crianças é quem mais aprendem com tudo isso.” (2o ano, p. 45)
Os africanos também buscavam respostas para o que ainda não conseguiam entender, principalmente em relação às ações da natureza, como a chuva, o sol, a lua e as plantas e, assim como os índios, nos deixou muitas histórias misteriosas.” (2o ano, p. 49)
“... essa cultura vem de muito antes de você nascer, veem das comunidades e pessoas mais velhas.” (2o ano, p.57)
“Vai um chazinho ai?” (2o ano, p. 58)
“Tudo isto, sem dúvidas, são contribuições da cultura africana e indígena, mas é importante completar o pensamento e enxergar os múltiplos significados que infiltra cada uma dessas manifestações.” (3o ano, p. 11)
“A cultura afro-indígena brasileira é herdeira de grande beleza e peculiaridade singular.” (3o ano, p. 11)
“Represente por meio de desenhos, as heranças de origem africana e indígena e, que hoje fazem parte da cultura brasileira e estão presentes no nosso cotidiano.” (3o ano, p. 12)
“Na verdade a tradição oral faz parte do nosso dia a dia e, tem suas raízes na cultura afro-indígena” (3o ano, p. 14)
“... os não índios utilizam o quê para esta mesma função? (3o ano, p. 27)
“... fazendo com que o povo viva a comunicação em todos os seus seguimentos” (3o ano, p. 29)
Existe um repertório grande de danças e ritmos brasileiros de origem africanas e indígenas” (3o ano, p. 40)
“Faça uma pesquisa sobre a história de sua família. Procure saber quem foi os pais dos seus avós...” (4o ano, p. 15)
Pesquise em livros, revistas, internet ou pessoas...” (4o ano, p. 21)
“... O que tem haver com o princípio da intolerância?” (4o ano, p. 58)
“... Várias músicas marcaram época e alcançaram o topo na lista de sucesso das rádios: Peter Tosh e Bob Marley.” (4o ano, p. 71)
“A nossa identidade brasileira, é constituída pelos povos africanos que vieram para o Brasil como escravos...” (5o ano, p. 11)
“... neste sentido é que dizemos que nossa origem é afro-brasileira; e pelos indígenas.” (5o ano, p. 11)
“A música abaixo traz uma riqueza de conhecimentos sobre a África, país de nossos ancestrais.” (5o ano, p.12)
Fazer leitura do livro ‘O menino marrom de Ziraldo’, conheça mais sobre identidade.” (5o ano, p. 15)
“Um autorretrato é um retrato, uma imagem, que o artista faz de si mesmo.” (5o ano, p. 24)
Senso” (estatístico) (5o ano, p. 37 e 38 – no título e no texto).
Autodeclarar-se então, deve ser motivo de orgulho em declarar: ‘sou negro ou negra, sou índia ou índio’...” (5o ano, p. 37)
“... o aluno deve se declaram como negro ou pardo...” (5o ano, p. 68)
“bloco-afro” (5o ano, p. 80)
Que frase no texto, o autor reconhece que somos descendente dos índios?” (5o ano, p. 99)
- Equívocos conceituais absurdos, que comprometem a compreensão e induzem a erros graves. Não foi realizada uma padronização dos conceitos utilizados na Coleção o que ocasiona que um livro, ou um capítulo, refira-se a negros, outro a afrodescendentes, outro a afro-brasileiros ou ainda a afro-indígenas.
Outro problema grave é que, especialmente no livro do 3o ano, são utilizadas expressões como “origem africana e indígena”, “povo africano e indígena”, intercaladas com  “afro-indígena”, que podem construir a impressão de que povos africanos e indígenas vieram (ou foram trazidos) do mesmo espaço geográfico.
Nessa perspectiva, é gravíssima a afirmação de que há uma “língua afro-indígena” (3o ano, p. 14), pois conduzem à crença errônea de que há no Brasil uma língua falada apenas por “afro-indígenas”. Não existe CULTURA AFRO-INDÍGENA. Existem culturas de matriz africana e de matriz indígena. E cada uma dessas matrizes diz respeito a povos muito diversos e a culturas muito variadas.
Reduzir todas as culturas e histórias afro-descendentes e indígenas a uma única CULTURA AFRO-INDÍGENA. Além de estar errado, é uma forma de diminuí-la.

O processo de escravização é apresentado de forma que, ora ameniza a situação compactuando com teorias da miscigenação, ora naturaliza a suposta inferioridade negra, explicitando o papel de escravo como umbricada à sua origem e identidade:
“Você já sabe que ocorreu a união entre pessoas negras, índias e brancas. Dessa união originou a nossa diversidade.” (1o ano, p. 36)
“O Candomblé é uma religião africana trazida para o Brasil no período em que os negros chegaram para serem escravos.” (1o ano, p. 73)
“Crianças brancas e negras andavam nuas e brincavam até os 5 ou 6 anos de idade. Aos 7 anos a criança negra assumia seu papel de escrava.” (2o ano, p. 24)
“A nossa identidade brasileira, é constituída pelos povos africanos que vieram para o Brasil como escravos.” (5o ano, p. 11)
“Na luta pela liberdade, o escravo afro-brasileiro escreveu uma história de luta e determinação.” (4o ano, p. 34)
“Ao longo de sua história na América, os afrodescendentes optaram por várias religiões.” (5o ano, p. 52)
Na página 34 do livro do 4o ano, a organização dos parágrafos, o paralelismo de estruturas,  pode sugerir que o atual presidente dos Estados Unidos é afro-brasileiro, pois tanto o contexto que antecede quanto a sequência do texto tratam de afro-brasileiros e nessa confusão, parece ao leitor desavisado que é uma referência a Barack Obama, que seria brasileiro.
O livro do 2o ano, provoca uma confusão que beira o risível ao apresentar duas imagens (p. 79 e p. 81), de uma cantora, da Banda Calypso, como representante de uma dança indígena. É sabido que muitos artistas, dos mais variados estilos, utilizam representações da cultura indígena, mas visibilisar um deles preterindo um representante indígena causa, no mínimo, estranhamento.
A página 13, do 3o ano é uma das mais perturbadoras Na parte de cima, existe um texto que reconhece que AINDA EXISTE MUITO PRECONCEITO com O POVO AFRICANO E INDÍGENA e, para estimular a reflexão e discussão sobre este fato é apresentado o seguinte poema:

A BORBOLETA

DE MANHÃ BEM CEDO
UMA BORBOLETA
SAIU DO CASULO
ERA PARDA E PRETA

FOI BEBER NO AÇUDE
VIU-SE DENTRO DA ÁGUA
E SE ACHOU TÃO FEIA
QUE MORREU DE MÁGOA.

ELA NÃO SABIA
- BOBA - QUE DEUS
DEU PARA CADA BICHO
A COR QUE ESCOLHEU

UM ANJO A LEVOU,
DEUS RALHOU COM ELA,
MAS DEU ROUPA NOVA
AZUL E AMARELA

É difícil imaginar algo mais cruel para ser dito a uma criança PARDA E PRETA: que é “natural que ela se ache TÃO FEIA, que morra de MÁGOA. Mas, uma vez morta por se julgar feia e inadequada, ainda leva bronca de Deus que, no entanto, para consolá-la, lhe dá uma roupa nova (esta, sim, implicitamente, bonita): ROUPA NOVA AZUL E AMARELA. Talvez uma relação com a loura e dos olhos azuis. Esse texto é absolutamente  cruel, preconceituoso e nefando.

A explicação que justifica a existência de Movimentos Sociais constrói um imaginário estigmatizado e errôneo: “Eles existem para organizar populações pobres e reivindicar algum direito ou recurso.” (5o ano, p. 48)
Contudo, a definição do que seria o Movimento Social Negro merece especial atenção por, além de estigmatizar, criminalizar as organizações negras:
“Movimento negro (MN) é o nome genérico dado ao conjunto dos diversos movimentos sociais afro-brasileiros, de cunho racista, particularmente aqueles surgidos a partir da redemocratização pós-segunda guerra mundial, no rio de Janeiro e São Paulo.” (5o ano, p. 78)
Numa primeira leitura, alguém pode acreditar em mais um erro de digitação. Entretanto, na sequência do texto, vários termos caracterizam negativamente o Movimento Negro, como “clandestinos”, “radical”, “insurreições” demonstram a defesa e que realmente a temática desse movimento é racista e de ameaça à ordem. Tal defesa desqualifica parte de história da população negra brasileira, representada por ações do Movimento Social Negro no enfrentamento do racismo e não na prática racista, como afirma o texto.
No Brasil, o preconceito racial e a discriminação não são explícitos, mas, pelo contrário, marcados por sorrisos e desculpas que definem a Democracia Racial, construindo sempre desculpas para mostrar a cultura e a história negra como um folclore – como no Livro 4, na pg. 42, a estátua de Zumbi tem como legenda: “No Brasil, Zumbi significa um fantasma que, segundo a crença popular afro-brasileira, vagueia pelas casas a altas horas da noite. É também conhecido como um ser morto-vivo.” Um folclore ou um susto... além, é óbvio, dos erros de informação. Desta forma, a Coleção se presta ao manejo já viciado de “dizer” que a cultura de matriz africana tem valor, mas circunscrever este valor aos aspectos mais “divertidos e folclóricos” da sociedade. Para o negro sobra o lugar de pagodeiro, de jogador – os negros importantes, aliás, são todos, americanos ou africanos: Mandela, Obama, Whoppi Goldeberg, Malcon X, Luther King; a única exceção é João Cândido, nunca existiram Lélia Gonzáles, Luiz Gama,  Milton Santos, Abdias Nascimento ou qualquer outra personalidade negra brasileira ilustre.

 - Propostas de atividades incompreensíveis, incoerentes e/ou sem objetivo didático. Várias atividades solicitam aos alunos pesquisas que reforçam situações de preconceito. A relevância das atividades propostas pode ser questionada em toda a coleção, mas certamente solicitar que situações que visibilizam preconceitos e discriminação só contribuirão negativamente no ambiente escolar.

- Os conteúdos são apresentados de forma fragmentada, sem relação com os demais conteúdos curriculares, contrariamente ao que institui a Lei 10639/03.













CONCLUSÃO
Pelo exposto, que são fragmentos dos muitos problemas revelados na Coleção Vivenciado a Cultura Afro-Brasileira e Indígena, fica explícito o conteúdo nocivo ao aprendizado dos alunos da Rede Municipal de Londrina.
O uso de tal material com crianças de 6 a 10 anos de idade, além de prejudicar as relações étnico-raciais, estabelecendo valores preconceituosos baseados no senso comum, negligencia saberes básicos da aquisição da escrita da Língua Portuguesa e dos conhecimentos científicos. Além disso, pode ocasionar traumas e auto rejeição de crianças negras e indígenas, da mesma forma que pode contribuir para que crianças brancas construam um sentimento de superioridade aos demais grupos étnico-raciais.
A Coleção está repleta de “equívocos”, alguns mais ambíguos e outros, igualmente trágicos (como o texto sobre o cabelo negro, 1o ano, p. 80). Mas, o pior problema da Coleção é que, na sequência dos temas e na apresentação das imagens, o negro é constantemente colocado na posição de quem tem como única contribuição, para a civilização humana, a dança folclórica, a música de percussão, a comida, a capoeira, tendo, inclusive, a sua arte qualificada como primitiva e sua escrita comparada às garatujas infantis. Qualificar o negro como o ser do lúdico, do ritmo e do batuque, significa retomar a ordenação racial proposta pelas teorias racialistas do séc. XIX/XX: o branco como o ser da autoridade e da inteligência; o amarelo como o ser da mística e o negro como o ser do lúdico. Cada “raça” ocupando seu nicho, cada qual no seu “degrau evolutivo”, sendo, é claro, o negro percebido como um ser infantil, incivilizado e primitivo.

A ausência de imagens nas quais crianças, jovens ou o adultos negros sejam mostrados lendo, estudando ou no exercício de uma profissão liberal – todas as imagens (algumas são até belas e sorridentes, embora sempre desfocadas) são de um ser humano “natural” destituído de uma inclusão social mais valorizada. Quando, no Livro 4, na pg. 96, se cita o artigo 62, contra a discriminação racial, aí a imagem do negro é cabisbaixa e triste.

Desta forma, a Coleção se presta ao manejo já viciado de “dizer” que a cultura de matriz africana tem valor, mas circunscrever este valor aos aspectos mais “divertidos e folclóricos” da sociedade. Para o negro sobra o lugar de pagodeiro, de jogador de futebol ou do marginalizado, mas, sempre “alegre e feliz”... Esta forma de “qualificar” as pessoas negras, negando-lhes sua história, omitindo a violência que sofreram, minimizando os movimentos de resistência, descontextualizando suas realizações artísticas e suas crenças religiosas, “naturalizando” sua humilhação e sofrimento, é a forma “cordial” de discriminar, de não-respeitar, de incluir as pessoas apenas no lugar da inferioridade – fazer isto com figuras coloridos e adjetivos como “bonito”, “gostoso”, “interessante”, “forte”, não resolve nada: apenas mascara a exclusão e dificulta/desautoriza a revolta contra o preconceito.

Esta Coleção contem erros abomináveis, ambigüidades absurdas, mas, acima de tudo, é um instrumento de aniquilação do espírito de uma criança negra que, submetido a ela, jamais se verá como capaz de ir para uma universidade ou ser qualquer outra coisa que um cantor – não estamos menosprezando esta profissão nem, muito menos, diminuindo a importância da música negra como instrumento de resistência – mas percebendo que colocá-la como único nicho de realização profissional é insultar a música e os músicos negros e limitar as possibilidades de sonho e realização das crianças negras.

Pelos motivos expostos, solicitamos ao Ministério Público, ao Conselho Municipal de Educação e à Secretaria Municipal de Educação que a  COLEÇÃO VIVENCIANDO A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA (2010) seja recolhida imediata e urgentemente para evitar danos à formação das crianças estudantes da rede municipal.








Comissão de Avaliação do FENEL – Fórum das Entidades Negras de Londrina.












Londrina, 21 de junho de 2011.

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