Papai noel descansa no divã
Postada no dia 30/12/2007
De repente cai do telhado um ancião gordinho que grita:
- Cadê a sua chaminé???
- O que está acontecendo aqui, meu Deus???
- A sua casa não tem chaminé, moço?? Poxa!... Que tombo feio!! Devo estar cansado mesmo.
- Eu não tenho chaminé, amigo!!!
- Fui sentar um pouco no seu telhado acho que cochilei e acabei caindo.
- Já que você está no chão, agora entre, por favor. Mas pela porta, sim?
- Ta bom...
Arrastando um saco vazio, passos lentos, o velhinho não tem mais aquele indefectível sorriso puro.
- Deite-se aqui, por favor.
- Ah! Sim. Preciso mesmo me deitar...
- Cansado?
- Muito, muito mesmo. (Uahh!! Bocejo)
- Você não acha melhor tirar este casaco vermelho pesado?
- Não me lembro o dia que fiquei sem ele.
- Você nunca tirou esta roupa?
- Não. Nunca!
- Hummm...
- Fique à vontade. Como quiser... Agora me fale o que trouxe você aqui.
Nisto um barulho lá fora interrompe o diálogo.
- O que foi isto?
- São as minhas renas.
- Ah!!!... Suas renas?
- Sim. Mas elas já deitaram no chão da sua varanda. Também estão cansadas.
- Tudo bem.
- Pois é... Eu preciso descansar, mas também conversar um pouco com o senhor. Eu fico mudo com centenas de crianças em meu colo nas lojas.
- Se você gosta tanto assim de crianças, por que fica tão mudo?
- É o clima da magia do Natal!...
- Ah!... Tá... Continue. Você trabalha nas lojas, sim?
- Sim, mas é emprego temporário.
- Temporário?
- Sim. Trabalho somente no fim de cada ano.
- E dá pra ganhar tanto dinheiro assim a ponto de distribuir presentes?
- É... Eu mereço ganhar um pouco mais.
- Um pouco mais?
- Sim. Eu mereço, afinal, sou o principal desta festa.
- O principal da festa? O centro das atenções? É isto?
- Claro! Eu sou o espírito do Natal!
- Tá... E você deve ganhar também o suficiente para viajar o mundo inteiro? E ainda fabricar presentes das crianças do mundo inteiro. Afinal, você é rico?
- Não!!! O que eu ganho é somente pra fabricar os presentes para o próximo ano.
- Onde você mora?
- No pólo norte.
- Com quem?
- Sozinho.
- Você não acha este lugar muito esquisito para morar?
- Por quê?
- É isolado demais!!! Isolado de todos!... Se você faz todos se aproximarem, por que você se afasta de todo mundo durante o ano?
- É... Nunca me imaginei numa situação diferente.
- E como você consegue fabricar estes presentes? Qual a matéria prima que você utiliza? Tem todos estes recursos no pólo norte?
- Olha... É bom você nem perguntar isto...
- Por quê?
- Você conhece o Robin?
- Robin? Não... Acho que não.
- Sim, o meu amigo Robin Wood. Se ele souber disto, pode ficar com ciúmes de mim.
- Por quê?
- Ele pode achar que eu também roubo dos ricos para dar aos pobres...
- Ah!... Entendi... Certo... E o nome de seus pais?
- Não tenho pai nem mãe.
- Como não tem???
- Já nasci velho.
- Nasceu velho?
- Sim.
Novamente o barulho interrompe o diálogo.
- O que foi isto agora?
- As minhas renas estão inquietas.
- O que elas querem?
- Ir embora, eu acho.
- E como você vai embora?
- Voando.
- Voando? Você volta para o pólo norte, voando e com estes veadinhos puxando este trenó??
- Sim.
- Tá... E ainda tem gente que acredita em você... Só uma perguntinha final. Por que você não bateu na porta?
- É o meu costume... Faço isto há muitos anos.
- E além de tudo, você é um ancião, gordinho e que entra pela chaminé...
- Eu gosto de fazer isto todos os anos.
Nisto o velhinho pega o saco vazio e se dirige à porta.
- Ei! Você se esqueceu de me pagar!
- Sobrou um ursinho de pelúcia. Aceita?
- Tá... Fazer o que?... Aceito.
- Ho! Ho! ho! Ho!
- Este barbudinho me dá um ursinho e ainda sai rindo... Huumm... Sei não... Afinal, quem precisa mesmo de divã? Ele ou... Quem acredita nele?
Judson Santos
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